Aplicando conceitos da antifragilidade para evoluir na escalada

13/11/2023 por Ricardo Gonz

Escalada

A escalada não é apenas um esporte, é uma metafórica lição de vida que se apresenta a cada via, onde a antifragilidade se torna um conceito-chave para evoluir na prática.

Imagem ilustrativa da diversidade de desafios internos e externos enfrentados por uma pessoa na escalada

Na escalada os desafios podem surgir em várias formas: 

  • A dificuldade da via 
  • O desconforto
  • O medo do desconhecido
  • Os riscos envolvidos nas quedas 
  • A necessidade de tomar decisões sob pressão

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Aprendendo com os Fracassos

Um medo muito comum dos escaladores é a queda, seja pelo risco de lesão ou simplesmente porque associamos a situação ao fracasso (principalmente quando se é iniciante ou quando o ego toma conta). 

Isso se deve ao fato de que estamos acostumados a viver em uma sociedade na qual se glorifica o sucesso, e assim, passamos a ver o fracasso como seu oposto. No entanto, na escalada, assim como na vida, essa forma de ver as coisas como totalmente pretas ou brancas é limitada e pode levar a enganos.

No livro “O guerreiro da rocha”, Arno Ilgner apresenta o conceito de “escalar ou cair”, onde nos ensina que o foco não pode estar apenas em atingir o cume, mas em comprometer-se totalmente com o processo

Se cairmos, é uma oportunidade de aprender, adaptar-se e voltar mais forte.

O Poder da Adaptação

O termo “antifrágil” aparece pela primeira vez na obra “A lógica do cisne negro” de Nassim Taleb, que apresenta a incerteza como algo presente e desejável.

Na sequência é lançada a obra “Antifrágil: Coisas que se Beneficiam com o Caos”, que amplia o significado do termo e explora as vantagens de adotar uma mentalidade que encare os riscos e aprenda ativamente com os erros.

Diferentemente da resiliência, a antifragilidade vai além da resistência a choques. Enquanto a resiliência permite que alguém ou algo retorne ao seu estado original após enfrentar um desafio, a antifragilidade é caracterizada por uma capacidade de se beneficiar e crescer diante dos contratempos.

Ou seja, ao invés de simplesmente suportar um choque e permanecer inalterado, o que é antifrágil se adapta, aprende e emerge mais fortalecido da experiência.

Além disso, faz parte dessa mentalidade ter a “pele em risco”, desapegar da certeza absoluta e a entender que menos é mais.

Como podemos aplicar a antifragilidade para evoluir na escalada?

Ao incorporarmos a antifragilidade na nossa rotina, e consequentemente nas escaladas, o foco muda do objetivo final para o aprendizado durante o processo, dessa forma os fracassos passam a ser interpretados de uma outra maneira, pois são momentos ricos em aprendizado.

Assim, sobra mais energia para ser direcionada ao enfrentamento do desafio, a cada lance delicado em um crux, onde um olhar leve e o controle da respiração fazem toda a diferença.

Além disso, na escalada, invariavelmente adotamos uma estratégia similar ao “Barbell” de Taleb. De um lado, há uma meticulosa busca pela segurança – através de equipamentos, “double checks” e análise cuidadosa da via e seus riscos. 

Por outro lado, temos mais tranquilidade para enfrentarmos a rocha com a mentalidade de escalar ou cair, aceitando os elementos surpresas no caminho e suas possíveis consequências.

Conclusão

Tanto a escalada quanto a filosofia da antifragilidade nos ensinam a abraçar desafios, a crescer através da adversidade e a ver o fracasso não como o oposto do sucesso, mas como parte integrante da jornada de aprendizado.

Em ambos os contextos, o foco não é o resultado final, mas o que absorvemos ao longo do caminho. E ao adotar essa mentalidade, não apenas nos tornamos melhores escaladores, mas também nos preparamos melhor para os desafios imprevistos da vida.

Ricardo Gonz

Ricardo tem a meditação, a escalada e o contato com a natureza como parte essencial da sua vida. É facilitador de meditações ativas e passivas em Florianópolis, entre elas Dynamic Meditation, Kundalini Meditation e Meditação Tibetana.

Por mais de 3 anos ministrou aulas de Climb Yoga, facilitando o processo de autoconhecimento de muitos alunos, através da prática da escalada, meditações e fundamentos do Yoga.

Sobre o autor

Ricardo tem a meditação, a escalada e o contato com a natureza como parte essencial da sua vida. É facilitador de meditações ativas e passivas em Florianópolis, entre elas Dynamic Meditation, Kundalini Meditation e Meditação Tibetana. Por mais de 3 anos ministrou aulas de Climb Yoga, facilitando o processo de autoconhecimento de muitos alunos, através da prática da escalada, meditações e fundamentos do Yoga.

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